Fazem 4 dias que estou morando em uma pequena casa na floresta, no topo da montanha, na Praia do Rosa. Mudei radicalmente minha rotina nos últimos dias e venho encaminhando esse jeito itinerante de viver desde o início do ano. Pra completar, vendi meu carro e aluguei o apartamento que morava pra um amigo. Doei boa parte das minhas roupas e algumas farão parte de um brechó no próximo mês. Agora, toda a minha vida cabe em duas mochilas e uma bolsa com minhas câmeras.
“Você é louco, mas do nada assim?”. Deixa eu explicar. Isso não foi uma decisão relâmpago, venho planejando e conversando com pessoas próximas sobre essa idéia já faz um tempo. Nunca me senti bem dentro de uma rotina que me proporcionasse as mesmas coisas todos os dias. O que me motiva de verdade e que me faz crescer é conhecer gente nova o tempo todo. Desbravar lugares. Minha vida como um todo é beneficiada quando me mantenho curioso e fico em contato com o novo, o diferente.
“Mas o que aconteceu?”. Me adaptei, apenas isso. Percebi que meu trabalho, meus hobbies, tudo que mais gosto de fazer, não necessitam de uma raiz e nunca exigiram uma. Meu trabalho com fotografia de casamentos agora é worldwide. Não importa onde o casal está, consigo me encontrar com todos, fazer sessões e fotografar seus casamentos, seja lá onde for, apenas consultando a agenda. São daquelas coisas que a gente se pergunta: porque não fiz isso antes?
Então decidi ficar um certo tempo nos lugares onde mais gosto daqui pra frente e o primeiro lugar que me veio em mente foi a Praia do Rosa. Tive o despertar da fotografia nesse lugar a 9 anos atrás e nesse tempo, sempre que tinha uma oportunidade, parava por aqui e passava alguns dias. Na verdade, eu procurava motivos pra fazer isso. Dessa vez vou ficar um mês conhecendo todos por aqui e desbravando o lugar. Depois fico uma semana em Pelotas e parto pra uma trip na Europa na segunda metade do mês de agosto. Volto para o Rio de Janeiro e então ficarei fazendo viagens para fotografar casamentos por todo lugar por tempo indeterminado.
Algumas pessoas vieram me perguntar se não fotografarei mais casamentos na metade sul do RS, Pelotas e região. Ouvi isso pensando se realmente a região era isolada fisicamente do resto do mundo hehe. Tudo continua normal. Tenho vários casamentos pela região e continuo com agendamentos de sessões e casórios em qualquer época do ano, mas agora não mais limitado ao eixo Pelotas.
Já por aqui, minha chegada foi agitada. Fiquei hospedado na casa de dois amigos, a Alice e o Rafael, por três dias até vir pro meu refúgio no mato ontem a noite. Passei esses três dias caminhando, fotografando e comendo. Delicia. Gratidão. Agora acomodo e com internet funcionando, chove lá fora e vou responder todos com calma. Todas as noites estarei tirando dúvidas, fazendo agendamentos e conversando, seja por email, pelas redes sociais ou pelo Facetime e Skype. Durante o dia estarei no Snapchat, me acompanha por lá ou no Instagram.
Leve.
"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. - Amyr Klynk
Muita coisa aconteceu do início do ano para cá e que me motivou a isso. Então vou começar a contar alguns pontos que me fez refletir sobre isso e relatar em posts aqui no journal. Amor, aventura, minimalismo… Se você pensa nisso, a gente tá junto. Quero compartilhar tudo que posso com quem se interessa pelo mesmo que eu.
Próximo post vou falar o que me fez mudar de vida radicalmente e me desapegar de grande parte das minhas coisas.