Ananda & Leandro: Noivado em São Paulo

     A sequelada do ano. Você vai precisar ler isso aqui, senão não vai entender nada.

     Por um período da minha infância e adolescência, fazia um percurso quase que diário da minha casa até um mercado próximo para comprar algo que precisasse ou que me minha mãe pedia. Era o mercado mais próximo da minha casa. No caixa, as vezes tinha uma menina, que eu sabia que era filha da Inara, proprietária do mercado, três talvez quatro anos mais nova que eu, nome dela era Ananda. Nos cumprimentávamos e nos entendíamos bem. Foi assim por um bom tempo. Acabamos estudando no mesmo lugar no segundo grau e também na faculdade, mas sempre em épocas diferentes. Quando ela iniciava os estudos lá, eu estava terminando. Não tínhamos muitos amigos em comum, mas eu sempre sabia, talvez pelas nossas mães, por onde ela andava.

     Depois da faculdade, peguei outro rumo e me afastei de muita coisa. Vim morar na Praia do Rosa por um tempo e comecei a fotografar, viajar... Nunca mais tive contado com a Ananda ou com a Inara.

     Outubro do ano passado. Manhã do dia 5. Havia feito um café e me sentei na minha bancada de trabalho para responder algumas mensagens. Uma delas era de uma menina me solicitando orçamento para seu casamento em São Paulo, mas que ainda não tinha data. Nome dela era Ananda, mas eu não liguei o nome a pessoa. Não tenho o hábito de entrar em um perfil para ver qualquer foto e identificar alguém. Respondi, falei sobre os casórios em SP e como normalmente funcionavam e segui fazendo minhas tarefas do dia.

     Final de novembro. Recebo a resposta dela, dizendo que havia encontrado o lugar para se casar e que o casamento iria ser ao ar livre. Ótimo. Mas foi no início de dezembro que eu estava em Pelotas, na casa de meus pais, que minha tia Neli me perguntou "Jeff, a Ananda entrou em contato contigo?". Tenho dificuldade em decorar nomes de pessoas que entram em contato por email ou mensagem, então respondi "Nanda (de Fernanda)? Não lembro de nenhuma Fernanda tia". "Parece que ela está morando em SP e vai se casar por lá". Pronto, liguei todos os pontos ali. A Ananda, filha da Inara, é quem estava entrando em contato comigo e vai se casar lá em SP. A Ananda vai se casar... Vai se casar lá em SP... Ananda vai se casar... Ananda vai se casar... Fiquei muito feliz e muito grato por aquela menina que fez parte, mesmo que de um modo tão sutil da minha vida, tenha se lembrado e me chamado pra fazer parte de um momento tão legal da história dela. E eu fixei isso na minha cabeça.

     Janeiro desse ano, alto verão. Fazia dias quentes e no meio da manhã já passava de 30 graus. Eu me preparava pra descer pra praia quando recebo uma mensagem no Whats dela "Tu tem o dia 18/03 livre pra fotografar meu noivado?". Respondi rapidamente e desci pra praia. Durante o desenrolar dessa conversa, simplesmente esqueci o termo "noivado" e foquei no casamento dela. Ela fechou a data e sinalizei na minha agenda - CASAMENTO da Ananda.

     Já era noite e chovia uma garoa fina em Congonhas. Eu aguardava o Uber na saída do aeroporto enquanto pensava em dormir cedo para acordar cedo e aproveitar o dia com ela e o Leandro, que ainda não conhecia. Essa tática acabou não funcionando, encontrei alguns amigos em um hostel próximo à paulista e fui dormir tarde, agitado, para acordar cedo e igualmente agitado. Tomei um café da manhã reforçado e um café preto forte, saí para rua para pedir um carro e fui em direção ao "casamento" da Ananda e do Leandro, por volta de 09:30h da manhã. Nas minhas anotações, tudo iria se desenrolar no prédio dela, um lugar bonito, na Vila Olimpia, próximo ao Parque do Ibirapuera. Subi ao décimo quinto andar e fui recebido na porta por ela e pelo Leandro. Inara também estava lá. Conversamos bastante e contamos brevemente tudo que havia se passado nos últimos anos.

     E um certo momento, descemos até onde tudo aconteceria. Em um andar inferior, quando o elevador se abriu, um extenso salão branco e moderno se estendia a minha frente. A minha esquerda, uma parede inteira de vidros me deixava claro que eu estava no centro de São Paulo. Prédios, construções, helicópteros sobrevoando e disputando espaço no ar com os aviões que desciam no Aeroporto de Congonhas, lá na frente. Ninguém no espaço, com exceção das pessoas que montavam a decoração, toda em tom de verde e branco. Uma mesa minimalista e de muito bom gosto acomodava um bolo. Me aproximei para fazer uma foto e logo atrás do bolo vi delicados macarons verdes decorados com a frase - Save the Date - Recompus minha postura e por cima do bolo vi outros macarons iguais que diziam - 04/11.

     Save the Date... 04/11...

     SAVE THE DATE

     04/11... QUATRO DE ONZE...

     Foi nessa hora que me lembrei daquela conversa no Whats, na manhã de janeiro - Noivado. Claro, eu estava no noivado da Ananda. Ela havia escolhido se casar no final do ano e resolvido fazer agora somente o noivado. Havia me falado isso, mas na minha cabeça e na minha agenda... A Ananda vai casar.

     Durante o dia. Conheci o Leandro e a família dele, conversamos e contamos histórias e gastei o dedo fotografando tudo de uma maneira bem discreta. A noite nos despedimos e combinamos de nos encontrar na tarde do domingo para dar uma volta, conhecer alguns lugares e fazer algumas fotos.

     Fui para rua, o Uber já me esperava na porta. Coloquei minha mochila no porta-malas, me sentei no banco do carona, apertei a mão do Thiago, dei um olá para a menina que estava sentada no banco de trás, olhei rapidamente para o prédio da Ananda e do Leandro e pensei: Se o noivado foi assim, imagina o casamento o que vai ser!

     Mas não vai para as fotos dessa primeira parte sem dar o play aqui embaixo, beleza?  

     Acostumado a fotografar em lugares tranquilos e pacatos, então pensei - é claro, Parque do Ibirapuera em uma tarde de domingo. Nunca vi tanta gente. Mas foi ótimo para testar minha adaptação rápida. São nesses momentos que percebo que seguir padrões estéticos pré-definidos para fotografar não funciona. O que funciona é estar atrás da câmera presente no instante e sensível a perceber as belezas que estão nos rodeando o tempo todo, independente do lugar e da circunstância.

     Percebi também que São Paulo é cinza só pra quem vive entre quatro paredes. São Paulo pulsa, tem cor...

     Gratidão me define.

     Obrigado pela lembrança Ananda. Foi um prazer te conhecer Leandro. 

Lucía & Roberto: Rio Lovers

     Tudo começa quando o sol risca de um tom dourado o horizonte. A partir dali a coisa desenrola rápida, frenética e intensamente. Pelo menos é assim que vejo as horas seguintes, logo ao acordar. Isso pode soar meio ansioso, mas a minha vontade é de preencher os instantes iniciais de todo dia da melhor forma, fazendo um bocado de coisa. Como nessa manhã. 

     Joatinga ao amanhecer, Vista Chinesa pra ver o Rio de cima, Floresta da Tijuca e Cachoeira do Jequitibá para trocar o ar dos pulmões. Queria mesmo era de desacelerar o relógio.

     Manhã incrível. Me preencho de gratidão. Obrigado casal pela parceria, vocês são demais. E que venha o casamento!

Lísia + Fernando: Vintage session

     Era uma tarde ensolarada de domingo quando peguei a estrada em direção a maior praia em extensão do mundo. Combinei de encontrar eles na faculdade antes de irmos para lá. O mar estava de ressaca nos dias anteriores e então passei pela praia antes para ver a situação. Tudo bem. A maré havia baixado e o mar recuou, deixando montes de lama do tamanho de bolas de futebol por todo lugar. Muito louco.

     Passei na faculdade para encontrar os dois e logo encontrei esse casal querido que veio em minha direção, sorridentes e felizes. Nossa idéia era fazer uma sessão com pegada vintage pra marcar essa época gostosa de noivado dos dois. Casal que ama carros de época, fazer um som, namorar e pegar uma praia. Ficamos juntos até o final de tarde quando o sol caiu e o frio bateu. Dezenas de cataventos ao fundo pareciam que empurravam rajadas de vento gelado em nossa direção.

     Acho demais esses finais de tarde que saio para fotografar o amor de alguém. São poucas horas, em média 2h, mas fico tão concentrado em perceber as maneiras de carinho, as expressões de cada um, os gestos tão sutis de um instante, que minha percepção de tempo muda. Não parece que foram 2h, mas bem mais que isso. Casamento então...

     Por falar nisso, abril é o deles. Nos vemos lá!